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Cristina


De: Osasco-SP
registrado(a): 04-02-2006
A Lenda da Planta Chamada Unha – de – Gato

Era uma vez , uma bruxa cruel ...
Chamada Maribel !
Ela não conhecia a poesia ...
Por isto , só fazia bruxaria !

Ela tinha um gato arisco ...
Seu nome era Mefisto !
Este gato com cheiro de cravo ...
Era o seu submisso escravo !

Ele atacava os inimigos da feiticeira ...
De uma forma ruim e traiçoeira !
Ele atacava os inocentes com suas garras ...
Fazendo mil farras e algazarras !

Mas , um dia a bruxa Maribel ...
Decidiu fazer um feitiço cruel !
Porém , para isto , ela precisaria ...
Matar um gato cheio de magia !

Assim , sem nenhuma emoção ...
Ela colocou Mefisto no seu caldeirão !
Então , este gato nada terno ...
Foi parar bem no inferno !

Então , o diabo com toda a alegria ...
Disse assim , para Mefisto , com ironia :
- Eu estava esperando pela sua companhia !

Mas , o gato começou a chorar ...
E a rezar !
Então , no meio do breu ...
Um lindo anjo apareceu !

Desta maneira , ele falou ,
Quando Mefisto se calou :
- Estou aqui para ajudar ...
- O que você gostaria de ganhar ?
Então , depois que o anjo se calou ...
O gato , desesperadamente , falou :
- Eu quero sair deste inferno ...
Horrível e nada terno !

Assim , o anjo com toda a emoção ...
Falou sobre a sua condição :
- Eu só tiro você deste horrível inferno ...
Se você aceitar este trato fraterno :

Quero suas afiadas e traiçoeiras garras ,
Que feriram seres em mil algazarras !
Então , o gato concordou e doou as suas garras ,
Que um dia , fizeram vários tipos de farras !

Deste jeito , o gato saiu do inferno ...
E foi parar num lugar mais fraterno !
Então , naquele belo dia de primavera ...
O anjo plantou as unhas do gato na terra ,

E elas se transformaram em uma planta medicinal ...
Feita somente para combater o mal !
Esta planta sagrada de fato ...
Hoje , se chama unha – de – gato !

Esta planta é uma trepadeira arbustiva ,
Formosa , bonita e ativa !
Esta planta ajuda a curar artrite ,
Reumatismo e gastrite .

Luciana do Rocio Mallon


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Cristina Norkevicius
fotolog: www.fotolog.com/olhosdegato

23-02-2007 14:45:05
     
araguacy


registrado(a): 21-04-2006
ODE AO GATO
Pablo Neruda

Os animais foram imperfeitos,
compridos de rabo, tristes de cabeça.
Pouco a pouco se foram compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça vôo.

O gato, só o gato apareceu
completo e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato quer ser só gato
e todo gato é gato do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.

Não há unidade como ele,
não tem a lua nem a flor tal contextura:
é uma coisa só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno firme e sutil
é como a linha da proa de uma nave.

Os seus olhos amarelos deixaram
uma só ranhura para jogar as moedas da noite .

Oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão,
nupcial sultão do céu das telhas eróticas,
o vento do amor na intempérie
reclamas quando passas
e pousas quatro pés delicados no solo,
cheirando, desconfiando de todo o terrestre,
porque tudo é imundo
para o imaculado pé do gato.

Oh fera independente da casa,
arrogante vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta dos quartos,
insígnia de um desaparecido veludo,
certamente não há enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti
e pertences ao habitante menos misterioso

talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios de gato,
companheiros, colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.

Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.

Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.


20-05-2007 23:59:31
     
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