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Mensagem Páginas: 1
David


De: São Paulo
registrado(a): 02-02-2006
Particularidades da Nutrição em Felinos
Contribuido por Dr. JC Gimenez, Nutral Pet Line
O

gato doméstico actual pertence à ordem Carnívora, cuja evolução até ao

final do Eoceno deu origem a duas grandes super famílias, Canoidea e

Feloidea.




A esta última corresponde a família actual Felidae, que inclui animais

carnívoros estrictos, como o gato. Os pertencentes à Canoidea, apesar

de estarem incluídos na ordem Carnívora, incluem animais herbívoros

(como o Panda) e omnívoros (como o cão).
Torna-se portanto evidente que, uma revisão das particularidades do

comportamento, assim como das características anatómicas, fisiológicas

e metabólicas do gato, nos permitem uma base para determinar as razões

das suas necessidades nutricionais especiais, formular as melhores

recomendações alimentares, escolher os alimentos mais adequados e

estabelecer as rações diárias.

O gato é um caçador solitário, distinguindo-se dos cães selvagens

que caçam sempre em grupos. Caracteriza-se também por ser um animal que

bebe pouco e é muito fiel aos seus hábitos. O gato sofreu uma

especialização evolutiva e apresenta processos metabólicos adaptados a

uma alimentação estritamente carnívora (húmida, muito digestível,

hiperproteíca e hiperlipídica), adaptando-se mal a alterações

alimentares que requerem modificações metabólicas.



Anatomicamente, apresenta características específicas. A sua

conformação bocal, com um menor número de pré-molares (30-32 dentes

face aos 42 dentes do cão), caninos mais especializados para cortar e

desfazer as presas e uma mobilidade muito mais reduzida da mandíbula,

evidenciam características de animais carnívoros mal adaptados a

mastigar.



Deste modo, a estrutura facial com os olhos em posição frontal e os

pavilhões auditivos orientados para a frente, assim como a presença de

garras retracteis a fim de assegurar a captura das presas, são

elementos comuns aos carnívoros estrictos.


O aparelho digestivo do gato é curto, sendo o trânsito rápido

requerendo um processo digestivo muito eficaz. Devido a estas

características, o gato digere mal os constituintes da dieta aos quais

não está metabolicamente bem adaptado.



Necessidades Metabólicas Específicas




Metabolicamente, os gatos apresentam particularidades importantes:

Uma vez que as suas presas habituais carecem quase totalmente de

hidratos de carbono (excepto apenas glicogénio muscular), digerem mal

os açucares sendo pouco eficaz a energia obtida a partir destes. De

facto, não são necessários à sua dieta, uma vez que podem sintetizar

toda a glucose necessária a partir dos aminoácidos glucogénicos e do

glicerol.


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A Lactose é mal digerida, pois há um déficit na síntese da enzima lactase.



Ácidos Aminados


As suas necessidades proteicas, pelo contrário, são muito elevadas

(quase o dobro das do cão), não apenas por necessidades acrescidas em

certos aminoácidos(como veremos mais adiante), mas também e

essencialmente pelo elevados metabolismo energético e proteico que se

mantém estável, apresentando uma capacidade muito limitada para regular

a actividade dos enzimas envolvidos na obtenção da energia a partir das

proteínas.







Arginina: intervém no ciclo da ureia (conversão do

amoníaco em ureia). As necessidades são muito elevadas devido ao

intenso catabolismo proteico, associando-se ainda ao facto do gato não

ser capaz de sintetizar este aminoácido em quantidade suficiente a

partir dos seus percursores (ornitina e citrulina).



O gato é especialmente sensível a esta carência, podendo apresentar

sinais de hipermoniemia 1 a 2 horas após a ingestão de uma dieta com

níveis insuficientes deste aminoácido. No entanto, estas carências são

raras sempre que o animal recebe uma dieta adequada (rica em proteína

animal) já que a arginina está presente em altos níveis nas proteínas

animais.



Ácidos Aminados Sulfurados: intervêm entre outras

funções na estrutura do pêlo, dando-lhe espessura (o pêlo é muito

espesso nos gatos), assim como na síntese da Felinina. Ainda que o seu

papel metabólico não seja totalmente compreendido, encontra-se como

componente da urina dos machos, baixa no caso das fêmeas e

insignificante nos jovens, pelo que se presume Ter um papel relacionado

com a demarcação territorial.



Taurina:


Trata-se de um ácido aminado B sulfónico presente em quantidades

elevadas nos tecidos animais (carne, pescado). É sintetizado

organicamente a partir da metionina, mas o gato não a produz em

quantidade suficiente, utilizando os seus enzimas para formar outras

proteínas.







Taurina


Metionina - Cisteina


Outros Ácidos Aminados (Fenilina)







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Os ácidos biliares de outras espécies contêm conjugados de Taurina e

Glicina, mas o gato apenas dispõe de derivados da taurina, tornando

ainda mais importante as suas necessidades relativamente a este ácido

aminado.



Os problemas resultantes de um déficit em taurina têm expressão

múltipla (alterações reprodutoras, neurológicas, imunológicas,

cardíacas e auditivas).

Na realidade, os alimentos devem ser suplementados em taurina, devendo

conter um nível mínimo de 100mg/Kg de Matéria Seca no caso de alimentos

secos, e entre 2000 a 2500 mg/Kg de Matéria Seca nos enlatados.








Lípidos


Relativamente aos lípidos, os gatos digerem e utilizam bem grades

quantidade de gordura. Não são capazes de sintetizar os derivados do

ácido linoléico (devido à ausência do enzima desaturase D - 6), sendo

necessário um aporte de ácido araquidónico na dieta (mínimo 0,2 g Ac.

Araquidónico/Kg de Matéria Seca e 5 g Ac. Linoleico NRC 1986).



Vitaminas


As necessidades vitamínicas são elevadas, especialmente das que estão

envolvidas no intenso metabolismo proteico, tal como a piridoxina (vit.

B 6) que faz parte das transaminases. A piridoxina está muito difundida

na natureza, encontrando-se em abundância na levedura de cerveja,

fígado, leite e leguminosas.



A vitamina A deverá ser administrada na sua forma

activa (Retinol), já que os gatos não conseguem transformar a

pró-vitamina (b-carotenos), devido à ausência do enzima (Caroteno

dioxigenase) na parede intestinal. No entanto, são mais frequentes as

hipervitaminoses A por alimentação excessiva ou exclusivamente à base

de fígado (que contém elevado teor em vitamina A).


As suplementações excessivas e desnecessárias com óleo de fígado de

bacalhau levam ao armazenamento da vitamina A dando origem a

osteopatias (ex: Espondilose anquilosante ou osteodistrofia alimentar).



Ainda que as necessidades em tiamina (Vit. B1) não sejam elevadas,

convém salientar a importância desta, pois intervêm em diversos

processos enzimáticos, sobretudo no metabolismo dos hidratos de

carbono, transmissão do impulso nervoso e síntese da acetilcolina. A

ingestão de pescados crus é perigosa, pois estes contêm tiaminase, uma

antivitamina que inactiva a Tiamina.


A tiaminase é destruída facilmente pelo calor, daí a recomendação de cozinhar sempre os pescados.



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Os gatos não conseguem transformar o triptofano em Niacina (Vit.PP)

na quantidade suficiente devido à grande actividade da via de

degradação alternativa; deste modo deve estar garantido um nível rico

na dieta.



A Niacina encontra-se em abundância nos tecidos

animais, sendo as suas fontes naturais mais ricas, a levedura de

cerveja e o fígado. O gato apresenta uma baixa excreção renal do

triptofano e seus metabolitos, os quais apresentam propriedades

carcinogénicas comprovadas, facto que poderá talvez explicar a baixa

incidência de neoplasias no tracto urinário da espécie felina.



Por último, relativamente à Vitamina E, ainda que

as necessidades não sejam especialmente elevadas, pode no entanto

produzir-se uma carência relativa por ingestão excessiva de óleos ou

conservas de pescado (demasiados ácidos gordos insaturados que degradam

a Vit. E). Esta doença dá origem à Doença da Gordura Amarela.



Minerais


Relativamente aos minerais, é importante destacar o papel que os níveis elevados de magnésio têm no
desenvolvimento dos cálculos de Estruvite, frequentes nos gatos.


Existem outros factores relacionados, tal como o pH urinário devido ao

tipo de alimentação, modo de alimentar, higiene, etc..., mas os níveis

elevados de magnésio são sem dúvida um factor predisponente.



As necessidades em magnésio são satisfeitas com níveis de 160 a 200

mg/Kg de Matéria seca, o que equivale a 0,016 -0,02% de alimento que

proporcione 4 Kcal/EM/grama. Na prática deverá ser fornecido um máximo

de 0,1%, ou exprimindo em base calórica um máximo de 20 mg/100 Kcal EM

(0,07 - 0,08%).



Dado que para os gatos as dietas salgadas se tornam mais palatáveis, os excessos de sódio são por vezes frequentes.
Este facto deve ser tomado em consideração especialmente quando existem à priori determinadas patologias (ex:
cardíacas).




O gato doméstico que tem as suas origens no gato das regiões secas

africanas (Felis lybica) está adaptado a poupar água ao máximo; bebe

pouco, concentra muito a urina (predisposição à formação de cálculos na

bexiga) e não pode repor de forma rápida deficits hidricos (não pode

beber muito de uma só vez). Além disso a ingestão de água é igual

durante o dia e a noite. Deste modo, se comer um alimento enlatado com

um conteúdo de água similar ao das suas presas, a necessidade adicional

de água será practicamente nula. No caso de tomar um alimento seco, vai

ingerir entre 1,5 a 2,5 ml de água por grama de alimento.



Características do Alimento


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O gato é um consumidor delicado, tanto no que se refere às suas

particularidades metabólicas, referidas anteriormente, como ao seu

paladar.


Os alimentos deverão ser muito digestíveis (mínimo de 80%), com um

conteúdo não muito elevado em hidratos de carbono (amido) e estes

deverão apresentar-se sempre extrudidos. Os conteúdos proteicos e

lípidicos têm que ser elevados (mínimo de 5gr de proteína por Kg e por

dia para o adulto, e 15 a 20 gr para um animal em crescimento), tendo

especial cuidado para que o aporte proteico seja de origem animal e que

exista uma proporção adequada de óleos vegetais (ac. Linoleico) e de

gorduras animais que contenham ac. Araquidónico (frango e óleos de

pescado).



O gato é muito sensível ao odor, sabor e textura e pouco ou nada à

cor. Não aprecia os sabores doces e prefere os alimentos ricos em

gordura e protreína, assim como nos salgados e ácidos. Sente aversão

pelos ácidos gordos de cadeia média (8-10 átomos de C).





O ácido benzóico, utilizado como conservante sobretudo de alimentos

vegetais para alimentação humana, é muito tóxico para o gato devido aos

baixos níveis de glucoronil transferase que possui. A intoxicação

provoca a hiperestesia, tremores, depressão e morte.



Regras Basicas na Alimentação do Gato


O ideal é aproximar-se ao máximo à alimentação natural, pelo que deverá fazer várias tomas durante as 24 horas
(entre 10 a 20).


Dado que o gato consegue controlar bem a ingestão, recomenda-se que

tenha sempre alimento seco à disposição, sendo opcional a administração

de uma ou duas tomas de alimento húmido (enlatado, frango, pescado,

fígado, etc), com as quais se evita a fixação (por um sabor ou uma

textura), facto a que os gatos são muito predispostos.



O gato nunca deverá fazer uma única toma diária, nem ser alimentado

com um único ingrediente (alimentação exclusivamente à base de : carne,

pescado, ou fígado, etc), pois essa seria sempre uma dieta

desequilibrada, por vezes muito prejudicial e que daria sem dúvida

origem a fixações indesejáveis.


O gato deverá dispor sempre de água limpa e fresca, a qual estimulará a

ingestão (não retirar nunca a água e a comida durante a noite).


Os gatos, durante o período de maior calor, comem menos, sendo portanto

de esperar uma redução de consumo durante os meses de Verão.


São comedores erráticos (característica ainda mais marcada nas fêmeas),

podendo ingerir mais um dia e muito pouco no seguinte, o que não

significa que já não lhe agrada o alimento.



Nunca devem ser alimentados com alimentos para cães, devido às

diferenças referidas anteriormente. No caso de vários gatos vivendo em

comunidade, cada um deverá dispor do seu comedouro. Por último, é

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importante não permitir um jejum superior a 2 a 3 dias seguidos (ex:

devido a alteração da dieta), uma vez que há mobilização inadequada das

suas reservas orgânicas para obtenção de energia, poderá pôr o gato em

risco de desenvolver uma lipidose hepática, para a qual têm uma

predesposição especial.



Conclusão


Pelo facto de o gato ser um carnívoro estricto ocupa uma posição

diferenciada relativamente aos outros animais domésticos. As

particularidades fisiológicas e metabólicas que apresenta, tornam

imprescindível a incorporação de uma proporção importante de alimento

de origem animal na ração, não apenas por uma questão de apetência mas

também pela necessidade de fornecer certos metabolitos (Vit.A, Taurina,

Ácido Araquidónico, etc,) que se encontram apenas nas células animais e

que o gato é incapaz de sintetizar a partir dos seus percursores.


Uma quantidade exagerada de produtos de origem vegetal, pode conduzir a

uma eliminação excessiva de certos oligoelementos (magnésio) e

facilitar o aparecimento de problemas.


O melhor conhecimento do metabolismo e das necessidades nutricionais do

gato, permite melhores e mais correctas formulações dos alimentos

especificamente idealizados para estes.
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David Esquivel
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Fidel
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Krystal
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28-09-2006 10:53:58
     
Silvia Ramos


De: Santos-SP
registrado(a): 02-02-2006
Valeu David! Ótimas informações, o importante é dar sempre rações super-premium, levedo de cerveja, um franguinho desfiado, sopinha, eu dou também chá de quebra-pedra na seringa, uma vez ou outra, para os meus dois.
Abraços.


28-09-2006 12:44:55
     
Jaime


registrado(a): 26-03-2006
Bem legal o Artigo David!!
Parabéns.
Abraços


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Miau!  ^ ^             Especializado em persas e himalaios
      (=^_^=)          vans, bicolores , solidos e silvers
                   ~ 
     ("")....("")           www.phellinuscattery.com.br

30-09-2006 18:40:09
     
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